A roleta russa
A roleta russa
Já tiveram aquela experiência de serem convidados para um
churrasco e de repente repararam que, ainda antes de deixar arder bem aquelas
acendalhas branquinhas, o vosso anfitrião já está a colocar o peixinho a
grelhar…?
É-vos familiar?
Podia aplicar-se a mesma conversa aos refrigerantes, aos
sumos açucarados, às batatas fritas, aos panados, aos rissóis, aos bolos, aos
rebuçados, aos chocolates ou aos chupas. A lista é interminável…
Sabiam que um miúdo de dez anos de hoje já consumiu mais
açúcar que o seu avô de 65 em toda a sua vida? - Isto é uma aberração!
A geração dos nossos pais e avós atravessou épocas de grande
privação alimentar. Épocas de guerra, racionamento e/ou fome. Por conseguinte, os
nossos anciãos desenvolveram um medo coletivo (subconsciente) que os impele a
providenciar mesas fartas e pratos repletos. Mas nem sempre das melhores opções…infelizmente…
A culpa não é dos miúdos! Começou nos nossos pais e avós, que nos deram tudo o
que eles próprios não tiveram. Depois nós, que fomos mal habituados, acabamos
por irrefletidamente agir da mesma maneira: - “Açúcar e
fritos para os pequenitos à vontade, se faz favor…”
Não quero ser fundamentalista. Estimo muito o meu bem-estar
familiar e social e por isso já “fechei os olhos” inúmeras vezes.
As nossas células, o nosso núcleo celular e o nosso material
genético têm a capacidade intrínseca de se proteger. Mais concretamente, dispomos
de ferramentas epigenéticas de metilação e desmetilação que garantem a
integridade do ADN e a expressão assertiva dos genes.
Quem nunca ouviu dizer o seguinte?
“Ah! O Alfredo fumava, bebia álcool, comia o que queria e
lhe apetecia e só morreu aos 98 anos… O António, coitadinho, tinha um cuidado
extremo com a saúde, nunca fumava nem bebia e morreu aos 51…”
Estou certo que já todos viram o filme “O caçador – The
deer hunter”?
Ora bem, para poderem acompanhar o fio do raciocínio vou
traçar aqui um paralelismo - Imaginemos então uma roleta russa.
O António e o Alfredo jogaram, cada um com a sua arma.
Colocaram ambos no tambor da sua pistola, há meio século, uma
“bala” num dos seis espaços disponíveis.
Vamos imaginar as “balas” como os nossos comportamentos erráticos e
estilos de vida menos salutares.
A arma do António, à primeira, disparou…
A do Alfredo não. Nem à segunda. Nem à terceira…
O Alfredo teve sorte… Ou não… [provavelmente vivia mais
despreocupado…]
Hoje em dia, em pleno século XXI, já não existe conexão com
a Natureza. Quer seja a nível alimentar, físico, emocional ou até espiritual.
Entramos com o nosso carro na garagem, vamos para o elevador, entramos em casa,
abrimos o frigorífico, colocamos uma pizza congelada no micro-ondas, bebemos
uma coca-cola, vamos ver televisão, reagimos a uns posts no Facebook, vamos
para a cama e colocamos o telemóvel na cabeceira.
Então hoje, não metemos uma bala num tambor de seis…
Nos dias que correm, metemos três…
É verdade que a tecnologia e os progressos na área da saúde
fizeram aumentar a esperança de vida.
Paradoxalmente, o que observamos de facto, é um esforço para
manter vivas as pessoas doentes.
Visto de outra forma, é seguro dizer que todos nós, a todo o
minuto, estamos a ter um “cancro”. Ou seja, no seio da centena de biliões de
células do nosso corpo, há uma que está, neste preciso momento, a sofrer uma
mutação no seu material genético.
De um modo muito redutor, a célula, dispondo de informação
correta, sem inflamação, sem oxidação, sem intoxicação, a funcionar saudavelmente,
resolve.
Temos mecanismos de autocorreção. Temos mecanismos de AUTOCURA.
Não obstante, atualmente, mercê da falta de modos de vida
adequados - fraca alimentação, sedentarismo, stresse, as nossas células estão continuamente
a ser híper-estimuladas, sujeitas a ficar repletas de radicais livres.
Se o nosso organismo estiver em permanente estado de
inflamação latente, o risco de não termos capacidade para corrigir as
alterações é levado ao limite.
Shit happens…
Step out of
the box,
Ricardo
Novais
Muito bom, Ricardo :)
ResponderEliminarObrigado Cristina :) É preciso fazer algo... As pessoas não estão simplesmente gordas.. Estão inflamadas.. e isso é preocupante! Bjs
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