Censura, cancelamento ou shadowbanning?


Olá a todos,

Mercê da minha postura antagónica aos interesses corporativos que começaram a assolar o globo desde o início da putativa pandemia, ou seja, desde meados de 2020, fui insultado, alvo de imprecações, cancelado e sujeito à perda de rendimento (como professor e naturopata).

Eventualmente envoltos num manto de dúvidas e incertezas, alguns parceiros com quem colaborava, e a comunidade de um modo geral, decidiram prescindir — de forma voluntária (e até mesmo cobarde) —  dos meus serviços.

Um caso flagrante foi a de uma revista conhecida, com tiragem nacional, para a qual eu escrevia periodicamente e que graciosamente aceitou fazer uma entrevista para a promoção do meu segundo romance O Cravo, o Lírio e a Rosa, mas acabou — mercê do medo ou simplesmente preconceito, suponho eu — por protelar a sua publicação por tempo indefinido.

Volvidos mais de dois anos, ainda estou à espera de ver estampadas as minhas respostas nas páginas do exótico periódico.

Os medos — nunca admitidos pela diretora da revista, que invocava invariavelmente falta de espaço ou de oportunidade —, sempre os considerei infundados. Afinal, o enredo, para salvaguarda de todos os intervenientes (autor, editora e agentes publicitários), foi desenvolvido de forma ficcional, nunca comprometendo nenhuma das partes.

As perguntas formuladas na entrevista, deveras pertinentes, eram dignas de uma divulgação mais abrangente.

Quase certo de que nunca será publicado em formato de papel, deixo aqui — a quem interessar — a entrevista na íntegra, tal e qual:


 O Cravo, o Lírio e a Rosa: ao abrirmos este livro, o que podemos encontrar? O que tem de especial para prender o leitor do início ao fim da leitura?


RSDesde pequeno que sinto que o meu propósito é o de alertar, o de “contagiar” positivamente as pessoas. Para tal decidi acatar o desafio autoproposto de escrever em modo de ficção. Inventar histórias assenta-me que nem uma luva, pois desta forma consigo dar azo à minha fértil imaginação e, concomitantemente, semear, nos espíritos mais desatentos, o conceito de mudança de paradigma. Sempre soube que, para cativar a atenção do leitor, a narrativa teria de ser forte, enigmática, surpreendente, com menos descrições e com muita, muita ação. Entendo que os leitores queiram, sobretudo, histórias diferentes, inovadoras e originais, que reflitam a normalidade do cotidiano, mas, paradoxalmente, também as facetas mais obscuras da personalidade. Encontrei, penso eu, a fórmula ideal — capítulos curtos com uma pitada de suspense no final de cada capítulo para que o leitor não consiga desviar a sua atenção da leitura para saber o que se vai passar no capítulo seguinte.

  Logo no início do livro, escreveu: “Para experimentarmos uma realidade plena de felicidade e abundância, devemos percorrer a senda do perdão e do amor incondicional…”. Será esta senda percorrida por cada vez mais pessoas ou continua a ser algo ao alcance de muito poucos?


RS: Por alguma razão senti-me guiado a escrever este último romance. Tanto neste como nos anteriores, optei por escrever histórias ficcionais, com muitas personagens peculiares, com personalidades fortes e carismáticas, e com muitas metáforas e alegorias. Se eu sentisse que sim — que a maioria das pessoas já praticava o desapego… o perdão —, não teria colocado esta nota prévia, que funciona como um farol, um alerta muito sério à navegação. O meu sentimento é como se um navio rumo à ascensão espiritual estivesse prestes a partir e eu desejasse que quantas mais almas pudessem embarcar nele, melhor. A única forma de marcarmos presença nessa viagem — que é, aliás, o verdadeiro motivo da nossa existência, ou seja, o sentido da vida — é praticando o amor incondicional, o perdão… Brinco muitas vezes com os meus alunos de naturopatia e farmacologia. Costumo dizer-lhes: “Os únicos ‘medicamentos’ que são realmente eficazes são o amor (incondicional), o perdão e a gratidão. Acreditem em mim… sou farmacêutico” [risos].  Muita gente ainda não compreendeu bem o que é o amor incondicional… “Incondicional” significa amar os nossos filhos, mas também os filhos dos outros com igual intensidade… E, acima de tudo e em primeiro lugar, a nós próprios. Perdoar-nos a nós próprios.
 
 Na sua opinião, e tendo em conta a atual pandemia e respetivas mudanças e aprendizagens que daí temos retirado, será que o número de pessoas que desistiu de sobreviver para passar a viver de facto aumentou?


RS: Gostava de responder que sim à sua questão, mas infelizmente, na minha perceção, em relação à situação atual — de pandemia —, creio até que a tendência inverteu… Se pensarmos bem, estamos no olho da tempestade e, no seio da nossa sociedade — e não me estou a referir obviamente aos leitores da Zen, que têm um entendimento espiritual acima da média —, grassam as emoções negativas, como o medo e até o fel e a raiva. Ora, o medo da morte, e neste caso particular também o da doença, revela, em bom rigor, uma notória carência de alinhamento com o nosso propósito de existência. Em suma, as pessoas recusam-se a usar o espírito crítico, em sintonia com a sua essência, porque não querem sair da zona de conforto. Perderam a conexão e, por isso, desenvolveram um medo quase patológico à morte e, por conseguinte, à doença da moda. Só tem medo de morrer quem ainda não encontrou o seu desígnio, a sua razão de existir. É muito duro de se ouvir, mas é a mais pura das verdades… Ainda hoje se continua a insistir numa via artificial para contornar este problema que se deparou diante de nós, com vista a ganhar (alegadamente) mais algum tempo para sobreviver. Eu pergunto: “Para quê?”, se até ao momento não se mostrou tolerância, se não foi dada a hipótese ao contraditório, se não se ouviu quem realmente tinha algo de interessante para acrescentar, quem apresentava soluções mais profícuas, saudáveis e duradouras. O problema já estaria resolvido com outro tipo de abordagem…
 
— Tudo começa em 1941. Ao longo das páginas, lemos sobre amor, sobrevivência, dor, esperança, coragem, dúvidas, saudade… Conhecemos histórias de vida com contornos que poderiam existir no contexto moderno em que vivemos. Concorda?


RS: Por um lado sim, concordo, por outro não. Já escutei relatos de vidas impressionantes que dariam autênticos romances, filmes até. Relatos repletos de sofrimento, de dor e de superação. Porém, essas histórias de vida contemporâneas — sabemos bem — são pautadas pela influência tecnológica e pelo nosso afastamento da Natureza, que interferem drasticamente com os sentimentos mais profundos de amor e de coragem. O cidadão comum, por mais espiritual que seja, acaba por ser influenciado pelo mundo moderno que criámos. Levanta-se e, mesmo antes de ir tomar o café, vai ao telemóvel consultar as redes sociais para verificar se teve notificações. Está viciado na tecnologia. A humanidade tenta sofregamente construir uma “máquina” da felicidade. Procura atingi-la pelo lado material, tecnológico. Todavia, não podia estar mais arredada da verdade… Com vista a resgatar esses sentimentos mais genuínos, ou seja, menos influenciados pela modernidade, neste livro em particular, decidi fazer uma regressão até ao século passado, onde, de facto, o enredo se inicia. Um tempo em que as pessoas, embora mais pobres, se juntavam, em espírito de comunhão, para simplesmente cantar e contemplar a erva a crescer ou a tinta a secar. Contudo, a narrativa conduz-nos de volta ao presente, onde — é verdade — também há muito conteúdo.
 
— Se pudesse destacar uma das muitas mensagens que transmite com a história narrada no seu livro, qual seria? Porquê?


RS: O mundo está numa clara etapa de ascensão espiritual, energética. O que se está a passar à nossa volta é uma espécie de filtro, uma prova, qual seleção natural, fazendo a triagem de quem já despertou e quem ainda procura despertar. Podem chamar-me de maluco, mas enquanto eu tiver um resquício de energia no meu espírito desejo intimamente resgatar o máximo de almas possível e ajudá-las a ultrapassar esta etapa (tal como a mim próprio). Todos temos o mesmo valor. Não há certos nem errados, simplesmente somos. Teremos de evoluir juntos, mais fortes e mais amorosos.
 
— Se tivesse de escolher uma das personagens cujos traços de personalidade estivesse em falta em muitos dos portugueses deste mundo moderno, qual seria e quais seriam esses traços de personalidade?


RS: Essa é uma boa pergunta. Muitas vezes me perguntam se a personagem A ou a personagem B é o meu alter ego. Sou perentório a responder que sou o agregado de todas e, paradoxalmente, de nenhuma [risos]. É assim: todos desejamos intimamente que o mal esteja personificado para darmos azo ao julgamento e à recriminação. A demonização de um inimigo facilita as coisas, torna-as mais simples. Raramente temos a preocupação de fazermos uma viagem interna para constatarmos que também nós — sem exceção — temos um lado mais obscuro. Se há coisa que aprendi durante estes anos é que quanto mais tentamos afogar essa faceta mais sombria da nossa personalidade, quanto mais a tentamos soterrar em camadas de julgamento, pior, pois a escuridão pode, efetivamente, agigantar-se. Ao longo da obra verificamos que todas as personagens têm um lado sombra e que, mercê dessa característica, se envolvem em situações deveras intrincadas. Contudo, quando são feitas as pazes com esse lado escuro, há lugar à redenção, à libertação, à felicidade… Resumindo, aos portugueses deste mundo moderno falta a capacidade de perdoar tudo e todos, em ambiente de plena compaixão, independentemente dos terríveis erros do passado de cada um. Talvez por isso escolha o Miguel. Gosto muito da personalidade dele — um ser de Luz. O Miguel é charmoso e divertido, mas, simultaneamente, humilde. Com apenas dezassete anos é, notoriamente, uma criança cristal. Sem medo de abraçar a sombra, com ele, a Luz prevalecerá sempre sobre a escuridão.
 
— Com a história narrada em mente, será importante questionarmos crenças e dogmas ou será mais seguro não fazer questões com receio de opressão?


RS: Se há altura em que devemos fazer questões é agora. Não tenham dúvidas: estamos sob ataque; estamos a ser colocados à prova. A zona de conforto, a bolha moral, só nos consegue proteger até um certo ponto. Estamos prestes a atingir o momento em que vamos ter de bater o pé se queremos assegurar o nosso futuro coletivo. O futuro dos nossos filhos. Eu compreendo o medo — legítimo — de perder o emprego se se decidir fazer uma objeção de consciência. Porém, estou certo de que, havendo qualquer tipo de dúvida no espírito, é mandatório retornar às origens e voltar a escutar a nossa intuição. Quando algo parece não bater certo é porque, puro e simplesmente, não está certo. Sim, é assim tão simples… Lembrem-se da famosa navalha de Ockham: entre as várias possibilidades existentes, a mais simples é, por norma, a correta. Simplesmente não podemos estar à espera de que os outros lutem as nossas batalhas por nós. Não tenham medo de assumir qualquer tipo de divergência, de escarafunchar, de duvidar, de fazer oposição aos dogmas e às crenças enraizados no seio da sociedade… O eterno questionar é, sem sombra de dúvidas, a força motriz que faz mexer o mundo. Quando assisto, impávido, à endoutrinação latente, sub-reptícia, porém bem orquestrada — reconheço —, tenho vontade de a contrariar veementemente, a todo o custo, pois o futuro da humanidade está em sério risco…


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Cada tiro, cada melro — 3 anos de torpor

10 razões para ajudá-lo a escolher a melhor moradia perto do Porto

10 reasons why you should buy this great house near Oporto - Portugal