Os urbano-deprimidos e os Velhos do Restelo
Os urbano-deprimidos e os Velhos do Restelo
Image by Arek Socha from Pixabay
Lembram-se de um filme dos anos 80 — “Eles vivem”?
Pois esse filme, de John Carpenter, retratava uma invasão de
alienígenas. Estes misturavam-se com a população, disseminando-se como um
cancro. Incitavam ao consumo desenfreado e ao capitalismo como forma de destruir
(naturalmente) a humanidade. Só quando o herói do filme decidiu colocar uns
óculos que desmascarava os extraterrestres malvados é que DESPERTOU para a
triste realidade em que o planeta estava envolvido.
Tratava-se de uma obra de fantasia.
O que se constata diariamente não é, no entanto, muito diferente: uma profunda fissão da sociedade. De um lado — não os alienígenas ficcionais do filme —, mas pessoas reais, que preferem viver numa bolha assética, afastadas da Natureza, ressabiadas e germofóbicas. Infelizmente a grossa maioria…
O que se constata diariamente não é, no entanto, muito diferente: uma profunda fissão da sociedade. De um lado — não os alienígenas ficcionais do filme —, mas pessoas reais, que preferem viver numa bolha assética, afastadas da Natureza, ressabiadas e germofóbicas. Infelizmente a grossa maioria…
“É o Sol que anda à volta da Terra”, obrigou o Santo Ofício Galileu
a retratar-se…
Do outro, pessoas informadas (que colocaram os “óculos”),
estudiosas ou simplesmente intuitivas, que já perceberam que a humanidade adora
atirar o lixo para debaixo do tapete — o famigerado "quem vier a seguir que resolva" —, destruindo tudo o que consegue encontrar pela frente, como um buldózer.
A maioria dos trolls e dos haters baseia a sua cripto-argumentação
em estudos de referência. Meta-análises, inclusive. É anedótico escudarem-se em publicações patrocinadas pela indústria química e farmacêutica, muitas vezes camufladas pela alegação: “sem conflito de interesses”.
Levanto, por conseguinte, a seguinte questão:
Se a medicina convencional é assim tão boa,
porque é que os resultados (as verdadeiras evidências) são assim tão maus?
— A OBESIDADE INFANTIL aumentou de uma forma desmesurada, surgindo
em idades cada vez mais precoces, promovendo a Low Grade Inflammation. A inflamação, por conseguinte, é um dos
terrenos mais favoráveis ao aparecimento do cancro.
— A incidência de CANCRO disparou numa curva exponencial;
— Há progressivamente mais pessoas a sofrer de PROBLEMAS
CARDIOVASCULARES e síndromes metabólicos;
— As doenças alérgicas e AUTOIMUNES brotaram da quase
inexistência em meados do século XX, até números verdadeiramente aterradores
nos dias de hoje — curiosamente quando a humanidade começou a basear a
resolução dos “problemas reais” no paradigma químico.
— Está a propagar-se velozmente o número de crianças no
espetro do AUTISMO, hiperativas e/ou com défice de atenção.
Esta é a dura realidade da medicina baseada na evidência.
Revelam-nos um modelo que
falhou. Mas não a todos os níveis… A humanidade foi capaz, por exemplo, de se defender orgulhosamente da quase totalidade dos focos infeciosos. Com um revés, contudo: de gerar resistências microbiológicas muito mais difíceis de contornar. Um
problema que o Homo quimicus do futuro conseguirá com certeza resolver…
E, evidenciando uma incompreensível relutância em abraçar uma profunda alteração do modelo, mais médicos e mais camas de
hospital são requisitados diariamente — um peso enorme no erário público, que
mexe verdadeiramente com a economia. Com a nossa economia. Mas… se calhar,
estou só aqui a pensar… não afeta negativamente a todos, pois não?
Conhecem o termo iatrogenia?
Para quem gosta de estudos científicos, deixo-vos este achado:
Num estudo publicado
em 2016, no The BMJ (British Medical Journal) — um jornal que até defende
acerrimamente a medicina baseada na evidência —, por Makary et al, ficou
demonstrado que, nos Estados Unidos da América, os erros médicos e efeitos
iatrogénicos dos medicamentos eram já a terceira causa de morte, com mais de
250.000 óbitos/ano.
Makary Martin A, Daniel Michael. Medical error—the
third leading cause of death in the US BMJ 2016; 353 :i2139
Por oposição, em
2015, o Centro de Controlo de Venenos, nos Estados Unidos, concluiu que não
houve mortes relacionadas com suplementos alimentares, fitoterapia ou
homeopatia.
Mowry JB,
Spyker DA, Brooks DE et al. 2015 Annual Report of the American Association of
Poison Control Centers' National Poison Data System (NPDS): 33rd Annual Report.
Clinical Toxicology 2016, 54:10, 924-1109
Ou seja, se fosse uma partida de futebol, estaria agora
250.000 — 0.
Mais uma vez, as terapêuticas não convencionais estão a perder…
Estão a ser dizimados na taxa de mortalidade e morbilidade por negligência.
Afinal, o que seria mais benéfico para a humanidade?
— Deixar as coisas como estão, permanecendo todos numa utópica
ilusão de segurança e conforto, ou DESPERTAR, imbuídos na verdadeira essência do
espírito científico, levantando dúvidas e questões relacionadas com as atuais diretrizes.
A pergunta mais premente é: não deveria o atual modelo de saúde
ser revisto, cambiando paulatinamente para um outro alternativo, em que os saberes milenares e étnicos são INTEGRADOS com os 100/150 anos da medicina química alopática?
A verdade é que a medicina dos hospitais é muito necessária.
Não poderíamos mesmo passar sem ela. Sou o primeiro a admitir que não se pode deixar
ninguém morrer por infeção e é preciso um bom cirurgião para nos operar ou um bom
ortopedista para nos colocar os ossos no sítio quando sofrermos um acidente.
No entanto, acredito que há doenças que nunca deveriam
sequer chegar a existir. E todos sairíamos a ganhar se os médicos decidissem
ser, antes de tudo, professores, bons mestres, ensinando à população como se
proteger devidamente. E não me refiro somente ao aspeto físico das doenças.
Se os clínicos manifestassem interesse em beber conhecimento de várias fontes. Não só à química…
Sem preconceitos. Sem juízos de valor...
Felizmente conheço muitos profissionais de saúde que estão a
DESPERTAR e a INTEGRAR.Se os clínicos manifestassem interesse em beber conhecimento de várias fontes. Não só à química…
Sem preconceitos. Sem juízos de valor...
Eu sou um deles.
Step out of the box,
Ricardo Novais
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