Quando ao querermos ajudar, magoamos...

 


É evidente nos dias de hoje uma profunda fissão na sociedade.

De um lado, pessoas reais, que preferem viver numa bolha assética, afastadas da Natureza, ressabiadas e germofóbicas. Infelizmente a grossa maioria. Do outro, pessoas informadas, estudiosas ou simplesmente intuitivas, que perceberam que a humanidade adora atirar o lixo para debaixo do tapete, não resolvendo nada de facto. Bem pelo contrário, destrói tudo o que consegue encontrar pela frente.

A fação cética/assética baseia a sua argumentação em estudos de referência, meta-análises, inclusive.

Contudo, a verdadeira questão que se levanta é: se a medicina baseada na síntese química é assim tão boa, porque é que os resultados (as verdadeiras evidências) são assim tão maus? A obesidade infantil aumentou de uma forma desmesurada, surgindo em idades cada vez mais precoces, promovendo a Low Grade Inflammation. A inflamação, por conseguinte, é um dos terrenos mais favoráveis ao surgimento de doenças mais agressivas e enfraquece o sistema imunitário. A incidência de cancro disparou numa curva exponencial. Há progressivamente mais pessoas a sofrer de problemas cardiovasculares e síndromes metabólicos. As doenças alérgicas e autoimunes brotaram da quase inexistência em meados do século XX, até números verdadeiramente aterradores nos dias de hoje. Está a propagar-se velozmente o número de crianças no espetro do autismo, hiperativas e/ou com défice de atenção e as patologias mentais estão a disseminar a uma velocidade estonteante. Esta é a dura realidade da medicina baseada na evidência.

Em bom rigor, estas evidências mostram-nos um modelo que falhou e, pese embora a humanidade ter o mérito de conseguir se defender da quase totalidade dos focos infeciosos, também foi responsável por gerar resistências microbiológicas muito mais difíceis de contornar. E, como continua a falhar, mais médicos e mais camas de hospitais são requisitados diariamente — um peso enorme no erário público que mexe verdadeiramente com a economia. Com a nossa economia.

Num estudo publicado por Makary et al, ficou demonstrado que, nos Estados Unidos da América, os erros médicos e efeitos iatrogénicos dos medicamentos eram já a terceira causa de morte, com mais de 250.000 óbitos/ano. Por oposição, um estudo realizado por Mowry et al o Centro de Controlo de Venenos, nos Estados Unidos, concluiu que não houve mortes relacionadas com suplementos alimentares, fitoterapia ou homeopatia.

Levanta-se então a seguinte questão: será mais benéfico para a humanidade deixar as coisas como estão, permanecendo numa utópica ilusão de segurança e conforto, ou despertar, imbuídos na verdadeira essência do espírito científico, questionando os atuais pressupostos.

Não deveria o atual modelo de saúde ser revisto, cambiando paulatinamente para um alternativo em que se integrariam os saberes milenares, étnicos, com os 100/200 anos da medicina química alopática?

A verdade é que a medicina dos hospitais é muito necessária. Não poderíamos mesmo passar sem ela. Não se pode deixar ninguém morrer por infeção e é preciso um bom cirurgião para nos operar ou um bom ortopedista para nos colocar os ossos no sítio quando sofrermos um acidente. No entanto, a verdade é que há doenças que nunca deveriam sequer chegar a existir. E todos sairíamos vencedores se todos os médicos decidissem ser, antes de tudo, professores, bons mestres, ensinando à população como se proteger devidamente, manifestando interesse e vontade de ir beber conhecimento a várias fontes. Não só à química.

Depois temos a IDIOSSINCRASIA.

De acordo com o atual padrão de medicina, o termo alude a uma hipersensibilidade não imunológica em relação a uma determinada substância administrada, sem conexão com a toxicidade farmacológica, ou seja, totalmente independente da relação dose-efeito.

A medicina, para distinguir epidemiologicamente os efeitos iatrogénicos dos medicamentos, decidiu, com base em estudos de patogenia da terapêutica medicamentosa e das suas bases farmacológicas, classificar em tipo A as reações que resultam de um efeito farmacológico “normal”, mas quantitativamente exagerado de um medicamento usado nas doses terapêuticas usuais, e em tipo B as respostas inesperadas e totalmente aberrantes de um medicamento. A idiossincrasia refere-se obviamente às do tipo B; estas são farmacologicamente imprevisíveis e de baixa incidência e morbilidade, porém de elevada mortalidade. O tratamento requer a suspensão imediata da administração do medicamento, além de medidas de suporte de vida. Em teoria, estas reações devem-se a anomalias de absorção, da distribuição ou da excreção (portanto, de farmacocinética) relacionadas com alterações qualitativas do órgão-alvo. Tais alterações podem ser de natureza genética, imunológica, neoplásica ou teratogénica, que condicionam o organismo a um processamento insuficiente ou inadequado de certas substâncias, causando sintomas de acumulação e/ou bloqueio.

Em suma, a reação é geralmente individual e baseada numa condição específica daquele que sofreu a reação enquanto outros indivíduos reagiriam de modo diferente, ou não reagiriam de todo.

A mais conhecida reação idiossincrática (embora o critério atualmente exclua as reações tipicamente alérgicas) é a reação alérgica à penicilina, que pode conduzir a uma condição anafilática. Mas também a síndrome Stevens-Johnson, relacionada com o HLA-B*1502, bem como certas reações de hipersensibilidade de tipo I, tipo II, tipo III e tipo IV (Alves et al, 2007) ÀS VACINAS (inclusive as do Plano Nacional de Vacinação) nas crianças, podem ser citados como exemplos típicos de reações idiossincráticas.

Num momento em que, por decisões políticas controversas, se preconiza a aplicação generalizada da vacina para o SARS-CoV-2 na comunidade, relembro que nunca se devem desvalorizar os efeitos idiossincráticos e iatrogénicos inerentes à sua implementação. Já foram cometidos demasiados erros até ao momento, como, por exemplo, o da utilização errónea de ventiladores, nos UCI, em determinados estados exacerbados de inflamação pulmonar, que acabaram na morte dos pacientes por... iatrogenia...

A fase 3 da vacina para o SARS-CoV-2 vai ser substituída pela fase 4, ou seja, vamos ser todos cobaias para as suas Reações Adversas Medicamentosas.

A minha questão é: porque não se investe mais no rastreio na população das IgG para o vírus?

Que eu saiba, nada substitui em termos imunológicos a infeção pela própria doença, que confere, de longe, muito mais imunidade do que qualquer vacina. Sem falar dos excipientes que, na maioria das vezes, são metais como o alumínio, para conservar o débil material genético (RNA) obtido por recombinação.

A minha sugestão passaria por um screening exaustivo à comunidade por recurso a testes cromatográficos ou de ELISA dos anticorpos (IgG) para o SARS-CoV à comunidade.

Quem já os tivesse, não precisava da vacina. É simples!

Aliás, basta estar em circulação uma nova mutação do vírus para a (ben)dita vacina valer menos que zero. Para o bem de todos, espero que não haja fraudes ou protelamentos nas comissões de avaliação...

Vitória da Luz,

Ricardo Novais


Referências:

Makary Martin A, Daniel Michael. Medical error—the third leading cause of death in the US BMJ 2016; 353 :i2139

Mowry JB, Spyker DA, Brooks DE et al. 2015 Annual Report of the American Association of Poison Control Centers' National Poison Data System (NPDS): 33rd Annual Report. Clinical Toxicology 2016, 54:10, 924-1109

Uetrecht J. Idiosyncratic drug reactions: past, present, and future. Chem Res Toxicol. 2008;21(1):84-92

Garrett J, Osswald W, Guimarães S, Terapêutica medicamentosa e suas bases farmacológicas, Porto editora, 1997

Alves RR, Gaspar A, Ferreira MB. Reações adversas a vacinas. Rev Port Imunoalergologia 2007; 15 (6): 465-483


As opiniões expressas refletem unicamente a opinião do autor. Na falta de estudos científicos credíveis de parte a parte sobre este tema, deve o leitor conduzir a sua própria pesquisa. Em caso de dúvidas, deve consultar o seu profissional de saúde.

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