Deus sive natura

Deus sive natura

Chegámos a um novo confinamento.

É com bastante desagrado que me apercebo de que, toldados num objetivo utópico de querer baixar a curva, se estabelecem, uma vez mais, regras draconianas que irão espezinhar ainda mais o já dilacerado espírito da população.

Será que só eu é que reparo que tais medidas atingem de morte unicamente os trabalhadores e pequenos empresários de atividades dedicadas ao bem-estar psicossocial? Os barbeiros e cabeleireiros, os cafés, o pequeno comércio, os ginásios, os restaurantes e as massagens… trabalhadores independentes, como eu…

Será que só eu é que me apercebo de que anda tudo louco? Uma notória inversão da lei natural das coisas, com implicações brutais na vida de todos…

Não há bazuca económica que consiga resolver este fosso que está a ser criado e as doenças mentais subsequentes serão bem mais difíceis de debelar do que se proclama. Fico simplesmente indignado quando ouço falar com leviandade do que vem a seguir, com base num tal “bem comum”, porque, em bom rigor, as dificuldades vindouras serão bem mais intrincadas de contornar do que o que está a acontecer neste momento…

Não desvalorizem as questões económicas. Não desvalorizem as questões mentais e psicossociais…!!!

O país, e muito provavelmente o mundo, só irá conseguir reverter os males provocados pela suposta cura daqui a muitas gerações.

Não me revejo nestas regras, não me revejo na estratégia e — assumo — não confio minimamente neste modelo de atuação que até à data só tem somado fracassos, mas, sobretudo, não me revejo na denúncia, na maledicência, na repressão, na tirania, nas minúcias de um controlo desenfreado e muito menos na perda de liberdades, seja de que natureza forem.

Que os ditos especialistas entendam — de uma vez por todas — que o vírus só se propagou porque a imunidade das pessoas andava (e anda) pelas ruas da amargura. Foi como o fogo na palha. Nunca ouvi um único agente de Saúde Pública ou do Governo a preconizar o uso de vitaminas, como a C ou a D, para fortalecer o terreno imunológico. Só se pensou em criar bolhas asséticas e redomas de vidro. Chiça… o vírus é muito pequenino, consegue passar as barreiras. É assim tão difícil de entender? O vírus só mata porque há uma exacerbação da inflamação. Já se perguntaram porque é que andam as pessoas tão inflamadas?

Se puserem as mãos na consciência, irão reparar também que a tal “proteção” aos mais vulneráveis irá, de igual forma, ter uma gorda fatura associada. Nas contas finais irá entrar a falta de tratamentos psicossociais, de carinho, de mobilidade, de sol, de ar puro, que, em última instância, lhes está a provocar muito mais dano a longo prazo do que os efeitos diretos do vírus em questão. Apregoam amar os avós, os pais e os sogros, mas não se importam que eles tenham deixado de fazer as atividades que lhes conferia saúde e, paradoxalmente, imunidade ao próprio bicho que tanto se teme. TODOS, incluindo eles, estão a ficar mais doentes, mais debilitados…

Acima de tudo, há uma matemática associada. Qualquer contabilista sabe que quando numa coluna se coloca o DEVE, na outra, tem de se colocar, necessariamente, o HAVER. Se eu traçasse uma analogia, diria que a humanidade está claramente em falência técnica devido a má gestão.

Não culpem o vírus, antes a negligência de dirigentes hipocondríacos…

Estamos em democracia, portanto, sou obrigado a acatar as decisões. Porém, sou um inconformado e irei votar nas próximas eleições com base nestes pressupostos que acabei de enunciar.

Se calhar, e apenas desta vez, terei mesmo de me aventurar…

Deus sive natura,

Ricardo Novais


Photo by Kunal Shinde on Unsplash

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