Já não há heróis
Os sintomas variam, mas para estabelecer o diagnóstico de
doença de Ménière — por regra — é sugerido o enquadramento de vários episódios
de síndrome vertiginoso (com a duração superior a vinte minutos) com uma ansiedade
acentuada, tinnitus (zumbido nos ouvidos), náuseas, vómitos e até uma perda de
audição temporária. Uma vez mais a medicina alopática, impotente, alegando a
incurabilidade da maleita, relega o paciente para a toma de medicação química
paliativa, no sentido de atenuar os sintomas: benzodiazepinas para o tratamento
da ansiedade, anti-histamínicos e diuréticos para atenuar a pressão na zona
coclear do ouvido interno e antieméticos para aliviar os enjoos. A juntar à terapêutica,
pode ser eventualmente recomendada fisioterapia e/ou manobras específicas para voltar
a colocar os otólitos — os “cristais” — fora da zona vestibular do labirinto do
ouvido interno.
As causas da doença de Ménière não são totalmente
compreendidas. Existem várias teorias para explicar o porquê da sua ocorrência,
envolvendo fatores genéticos e ambientais, todavia não é seguro atribuir a responsabilidade
a um único agente desencadeador, bem definido e circunscrito. Considera-se, por
conseguinte, de etiologia desconhecida, como foi referido no início do artigo.
Neste ponto, seria desejável que o leitor, imbuído num
sentimento de puro espírito crítico, equacionasse, no mínimo, a possibilidade
de haver um atraso patológico na ciência, que nos remete invariavelmente para o
acometimento de transtornos físicos, mentais e emocionais de índole mais obscura.
O que quero dizer, por outras palavras, é que são
inúmeros os casos em que a ciência permitiu o uso e o abuso das suas descobertas
laboratoriais e, posteriormente, teve de se retractar. Não deveriam os
cientistas considerar, antes de tudo, os efeitos lesivos a longo prazo? As
intenções, a priori, até podem ser legítimas, mas os resultados são, na
maioria das vezes, devastadores.
Porque é que, efetivamente, nenhum grupo independente e isento
de cientistas foi capaz de elaborar um estudo representativo, sem vieses,
multicêntrico, randomizado, duplo cego, peer-reviewed e sem legítimos conflitos de interesse, que
relacionasse o aumento das vertigens e síndromes vertiginosas com o stresse das
nossas células quando submetidas a várias gerações de radiação eletromagnética?
É possível estarmos tão deslumbrados com
as novas tecnologias que chegamos ao ponto de não conseguirmos associar o flagrante
aumento do uso de telemóveis e wifis com a incidência das vertigens e
labirintites?
É surpreendente a naturalidade com que permitimos a
infiltração paulatina destas novas enfermidades na nossa sociedade, bem debaixo
dos nossos narizes.
Um clínico que, na sua rotina, constate que houve um aumento exponencial de casos, traçando mental e pertinentemente uma correlação com o crescimento tecnológico, mas não tenha a coragem para encetar uma investigação aprofundada, está a agir contra o juramento de Hipócrates que fez, contra o benefício da humanidade e a favor das grandes corporações tecnológicas.
Infelizmente, como ainda não conheço nenhum estudo sério a estudar o surgimento destas patologias e relacioná-las com as radiações eletromagnéticas, posso seguramente afirmar que já não há heróis.
Do ponto de vista psicoemocional, a vertigem assume-se como
uma forte indecisão. A pessoa vive uma culpa levada ao extremo, derivada de uma
falta de capacidade de fazer uma opção em relação a um aspeto basilar na sua
vida: um trabalho ou um relacionamento. Vive numa espécie de corda bamba,
incapaz de tomar uma posição, independentemente do eventual desfecho. Encontra-se
num limbo, ansiosa, vacilante e, por conseguinte, “desequilibrada”. Poderá
também apresentar alguma relutância em “escutar” os conselhos dos outros e/ou a
sua própria consciência, experimentando, desta forma, um conflito interno.
Aconselha-se — a quem sofre desta patologia — mostrar mais
abertura à sua voz interior e não temer as consequências das suas próprias decisões.
De uma perspetiva teosófica tudo acontece com a intenção de nos conduzir numa
determinada direção. Não devemos enjeitar o caminho para o qual somos guiados,
que é, indubitavelmente, o mais certo para nós.
Para ajudar a amenizar este fenómeno, poderá recorrer aos
florais de Bach, como o Schleranthus — ideal para quem apresenta notórias
dificuldades em fazer opções.
Os homeopáticos Conium, Cocculus, Argentum
nitricum, Gelsemium e Nux vomica, na potência de 30CH, podem
ser utilizados como terapêutica adicional em casos agudos, aliviando os
sintomas.
É fundamental controlar também a ansiedade. Para tal
recomendo vivamente o grounding (caminhar descalço na relva, riachos
e beira-mar) e a meditação. As técnicas de tapping e acupressão
podem igualmente revelar-se de extrema mais-valia.
Comentários
Enviar um comentário