Catarse
Na noite de Natal passada, os meus cães ficaram à beira de um ataque de nervos com a tresloucada parafernália fogueteira na atmosfera circundante. Hoje, véspera do Ano Novo, tudo me faz crer que a história se irá repetir, porém de uma forma ainda mais inflamada. Qual é a minha interpretação? Todos os seres vivos, quando restringidos, presos, amordaçados, amarrados, acorrentados, física, mental ou emocionalmente, sentem impreterivelmente a necessidade de se libertarem. Quem tem um cachorrinho pequeno percebe perfeitamente o que eu quero dizer: a pobre alma, normalmente habituada à liberdade total, ávida por conhecer o mundo, cheia de alegria de viver, a roer tudo o que encontra pela frente e a tentar ligar-se energeticamente a tudo que a cerca, jamais esperaria que fossem os adorados donos que a adotaram — os mesmos que lhe dão a comida e os miminhos —, os terríveis carcereiros que lhe vão restringir, por completo, a liberdade. O cãozinho, por norma, não compreende tal atitu...